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Arquitetos: Pedra Líquida
- Área: 497 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Alberto Plácido
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Fabricantes: CIN, Campos Santos e Santiago, Carpilux, Duravit, GRUPNOR, LUSOTUFO
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto de reabilitação redescobre uma casa tradicional do Porto do século XIX, tipologia em que usualmente se oculta a riqueza arquitetónica, ornamental e paisagística do seu interior, quando observada do espaço público. A partir de agora, um novo Boutique Hotel, denominado “Jardins do Porto”, revela essa riqueza, trazendo-a para a contemporaneidade e tornando-a mais pública. No processo de reabilitação foram recuperados elementos notáveis do edifício existente como a sua claraboia central, as balaustradas da escadaria em madeira, os tetos e paredes em estuque. No mesmo sentido, foram acrescentados novos materiais em “diálogo” sensível com os preexistentes – estruturas de balcões, armários e elevador em ferro, cobertura do restaurante e portas interiores em alumínio escuro, e azulejos contemporâneos em várias instalações sanitárias. Todas as cores e motivos florais escolhidos procuram integrar esta casa oitocentista no seu meio urbano e natural, abrindo-a à cidade.
Este projeto de reabilitação aproveita todos os pisos e espaços exteriores de uma monumental casa do século XIX, homenageando a flora dos Jardins do Porto, no seu desenho ornamental. Os elementos arquitetónicos originais são mantidos nas fachadas frontal e de tardoz, e o jardim traseiro é complementado por um novo espaço lounge. No rés-do-chão, encontramos a receção do Hotel “Jardins do Porto”, e o gastrobar “O Jardineiro”, espaço multifuncional aberto à cidade. A área do restaurante preenche o pátio existente, que assim se transforma num “jardim de inverno”, em continuidade com o interior. Os pisos nobres do hotel contêm seis divisões amplas, e o piso superior, três divisões de escala mais intimista.
À medida que subimos a notável escadaria central em madeira, rodeada de pinturas decorativas sobre estuque, o ambiente transforma-se gradualmente. As cores das paredes dos quartos mudam e clareiam, entre o castanho cacau nos quartos inferiores e o cinza granito nos quartos superiores. O design destes espaços é personalizado, sobretudo nas instalações sanitárias onde encontramos materiais e mobiliário contemporâneo. Portas divisórias, cuidadosamente desenhadas em alumínio escuro, separam as zonas de banho dos sanitários, sendo os lavatórios integrados em peças de ferro e madeira adaptadas a cada local. As paredes das instalações sanitárias são parcialmente revestidas a azulejo verde, reforçando a desejada conjugação entre tradição e modernidade.
No piso superior, os quartos mais pequenos partilham uma zona comum, também ela preenchida com mobiliário novo, desenhado para o efeito. Por se tratar de um piso recuado, todas estas divisões têm terraços exteriores complementados por vegetação. A claraboia do edifício – elemento tradicional das casas portuenses do século XIX – foi totalmente reabilitada, assim como as balaustradas de madeira que definem a escadaria central do edifício. Este acesso é complementado por um elevador, com entradas em ferro lacado, inserido discretamente numa das portas interiores do edifício existente. Por fim, todos os restantes elementos decorativos – tapeçarias, esculturas e fotografias de parede – remetem para a temática floral do hotel, convidando os visitantes a passearem pelo edifício, mas sobretudo pela cidade, e a descobrirem a riqueza arquitetónica, ornamental e paisagística do Porto.